SABE O QUE É CARALHO? SABE O QUE É ROCK? ENTÃO JÁ SABE TUDO.
Rock, homens e cultura queer: O CARALHO DO ROCK promove a beleza masculina do rock'n'roll, em toda sua diversidade de padrões, reflete sobre as vertentes da música, as iniciativas e as personalidades que promovem a liberdade sexual e as identidades de gênero.
UM POUCO MAIS
"O Caralho do Rock" surgiu por volta de 2002 dentro de um serviço gratuito de websites. Logo foi censurado e banido. Após a onda dos blogs, e de um período de preguiça, surgiu aderindo a esse formato, bem mais simples, livre e despojado, em novembro de 2007. Sempre teve o intuito do "entretenimento político", aquela diversão aparentemente frívola que ocultava no seu manifestar-se um forte cunho social e cultural, desbravando as matas quase virgens da obviedade e do estereótipo.
O Caralho do Rock usa o sexo para expandir e a música para libertar. Nem só de homens vive este espaço, embora eles sejam muito bem-vindos e a erotização de certos espécimes já seja por si só uma transgressão. Os machos aqui, porém, são o pano de fundo de uma discussão mais séria. A liberdade de expressão, do desejo, o direito à civilidade apesar dos gostos, das escolhas, dos caminhos. A pluralidade.
Quando surgiu, o projeto ocupava um espaço muito limitado e amador. Havia restrições de arquivamento, não era possível publicar muitas imagens nem acumular muitas páginas. Por esses acidentes que só acontecem a um computador, o disco rígido com os dados (imagens e textos, e até mesmo um esboço de um site mais complexo) foi danificado e tudo se perdeu. Nem mesmo as datas de surgimento e recesso do site eu poderia exatificar, vítimas da minha memória de jovem ancião. Tenho, entretanto, pequenos vestígios da época de sua primeira existência, como uma propaganda no ano de 2003 no interior de um fanzine sobre cultura pop rock LGBT, o GrindZine, da festa Grind, projeto roqueiro do clube A Lôca, em São Paulo.
Anúncio numa edição do GrindZine de 2003.
Hoje, mesmo pequeno e independente (e ainda preguiçoso), posso me orgulhar um pouco de também ter feito deste espaço dos raros no Brasil a tratar especificamente sobre rock para o público gay e a discutir e propagar essa cultura que desde os anos 1970 vem sendo chamada de queer ou queercore – bandeira que, dadas as circunstâncias, seria impossível de não ser levantada aqui. O Queercore, nunca é demais relembrar, é não só o punk ou o rock a tratar sobre amor e cidadania LGBT, mas uma linha do pensamento ou estilo de vida a romper com qualquer estereótipo, mesmo o gay. Não há exatamente uma bandeira do arco-íris no movimento queercore, a menos que ela esteja pichada com o "A" dos anarquistas. Há muitos mais "spikes" que purpurina nos primórdios da cultura queer.
Ainda tímido, o blog, na sua segunda fase (a partir de 2007), começou a crescer e a encontrar uma identidade, abordando não só "os gostosos do rock", mas divulgando as bandas independentes, seu trabalho, sua proposta, sobretudo as brasileiras e – por que não? – os próprios roqueiros independentes. Desta forma, começaram as entrevistas e os ensaios fotográficos exclusivos. Mamá, vocalista da atual Teu Pai Já Sabe?, e tradicional queerpunk brazuca, foi o primeiro dessa empreitada. Pouco depois veio a primeira entrevista internacional, com o americano Kent James, e a primeira entrevista com um roqueiro de maior projeção, Rodrigo Lima, do Dead Fish.
Hoje O Caralho do Rock já foi chamado de referência por algumas pessoas, que ainda têm dificuldade de buscar certa informação em português na internet. Tenho ciência do tamanho exato deste blog, de suas restrições ao underground, mas aprendi na adolescência, conhecendo os guetos, os nichos, e me identificando com os cantos escuros da cidade, que só o submundo traz a verdadeira mudança. Este espaço é como só mais um dos antigos fanzines que propagavam a anticultura e a evolução da arte, e que um dia trouxeram a revolução do o rock e do punk ao resto do mundo.
Fábio Justino