Ele é de Nova York e se descreve como o “Robin Hood negro da música do século 21”. A si ou a seu alter ego, The Nightwatchman, um roqueiro ativista que não conseguia se expressar politicamente com a banda que integrava até então, a Audioslave.
Parece inapropriado e inconcebível que um homem tenha de criar um projeto paralelo porque sua banda de rock não suporta um ativismo político, mas é a triste verdade desses novos tempos. Tom Morello, acostumado a se expressar com a Rage Against The Machine, precisou encontrar espaço.
Com um som mais voltado à música folk, The Nigthwatchman chegou a ser comparado a Bob Dylan e, primeiramente sem intenções comerciais, lançou seu primeiro single, No One Left, na coletânea Songs and Artists that Inpired Fahrenheit 9/11, que reuniu nomes que o cineasta Michael Moore ouvia enquanto criava o polêmico documentário sobre a invasão americana ao Afeganistão, após os atentados de 11 de setembro de 2001.
As guerras após o famoso atentado foram o que inspiraram também Tom Morello, que criou seu alter ego com o intuito principal de cantar as mazelas sofridas pelo povo consequentes desse episódio e os crimes de guerra que se seguiram. The Nightwatchman possui até o momento quatro álbuns. O mais recente é de 2011, World Wide Rebel Songs.
Tom, considerado um dos cem maiores guitarristas de todos os tempos pela Rolling Stone, ficou mais conhecido, entretanto, por sua atuação com a Rage Against The Machine, banda de “Rap Metal”, estilo cujo nome já diz tudo e que é uma das raízes do nu-metal. O RATM quase não precisa de apresentação. Tornou-se símbolo de um novo tipo de rock fortalecido na década de 1990, somando peso e prestígio, e boa parte deste justamente pelo ativismo político de suas letras, sempre engajadas a abordar os problemas da desigualdade social. Seu maior sucesso, Killing The Name, do primeiro álbum de 92 e do refrão “And now you do what they told ya”, é hino de uma época.
A banda sofreu uma pausa nos anos 2000 com a saída do vocalista Zack de La Rocha, e o restante da banda, incluindo Tom, formou com Chris Cornell a “não ativista” Audioslave, que já acabou. A RATM retomou as atividades em 2007 em shows inspirados pela indignação contra George W. Bush e Tom Morello finalmente reencontrou o seu espaço.
Sua necessidade de atuar politicamente é tanta que Tom até fundou a ONG Axis Of Justice, em parceria com Serj Tankian, do System of a Down, com o objetivo de unir músicos e fãs para lutar pela justiça social. O projeto costuma ter uma tenda em festivais onde as bandas dos moços tocam e também um show mensal transmitido pela rádio. O projeto lançou ainda um álbum ao vivo, chamado Axis Of Justice: Concert Series Volume 1, com a participação de outros músicos como Flea, Pete Yorn e Chris Cornell.
Sempre discreto, escondido geralmente em um boné, Tom Morello fez história com sua guitarra. Não tem a presença de palco dos dois frontmen que acompanhou pela carreira, mas não consegue esconder o charme quando decide soltar a voz. Muito menos quando a luz revela alguns botões abertos de sua camisa. E pensar que até outro dia este espaço custou a achar um galã negro significativo dentro do rock...