De Mato Grosso, este ano Vanguart foi consagrada a banda do ano pela paulista e cosmopolita MTV, mostrando que o melhor do nosso rock caminha por fora dos grandes e velhos meios.
Reginaldo, o baixista, conversa com o CdoRock pra contar um pouco como é fazer parte disso tudo. Confiram. Divirtam-se.
CDOROCK - O que significa fazer parte da melhor banda do ano pela MTV?
REGINALDO - Tem um significado muito especial. Cresci assistindo à MTV, gostando e respeitando muito o VMB, sempre. É o prêmio mais importante da música brasileira, é o que na história da carreira dos artistas. Ser a banda com o maior número de indicações e levar o prêmio de melhor banda foi, sem dúvida, a coroação do "Boa parte de mim vai embora" e de todos esses anos de trabalho, muito aprendizado e amadurecimento. O prêmio de Melhor Banda diz muito sobre a gente, que vive e divide tudo relacionado ao Vanguart.
CDOROCK - A maioria dos concorrentes ao prêmio de melhor banda do VMB 2012 eram bandas de menor projeção comercial. Isso significa que o melhor da música brasileira corre por fora da grande cena?
REGINALDO - Sim, mas tem muita coisa boa por todos os cantos. Já não dá pra segmentar, se o trabalho é bom, é bem feito, não importa se é independente ou se está nas grandes mídias. Eu gosto de quem trabalha!. De quem dá a cara a tapa mesmo. Esse ano, muitos dos artistas que concorreram a vários prêmios são artistas de grande projeção, seja na internet, venda de discos, rádio ou televisão. Essa mistura de artistas e bandas de todos os tipos acaba sendo interessante pra todo mundo, principalmente para o público.
CDOROCK - Vocês utilizaram vários novos recursos da internet para o lançamento do álbum mais recente. Que importância, na prática, você observou no diálogo com as novas mídias para bandas como a Vanguart?
REGINALDO - Mais gente nos shows, mais discos vendidos… Mais fãs em contato direto com a gente. Talvez seja isso o mais legal, conhecer essas pessoas, tirar essa distância que sempre existiu entre fã e artista. Além de facilitar muito o nosso trabalho à distância também, como, por exemplo, para o lançamento do clipe de "Nessa Cidade", onde todo o processo, desde as primeiras conversas até a versão final, foi todo via internet. Estamos preparando um site novo também, pra canalizar tudo por lá. Internet em tudo e cada vez mais!.
CDOROCK - E como conciliar a necessidade do uso das novas mídias com a resistência de estimular o compartilhamento gratuito de música por causa das antigas questões contratuais?
REGINALDO - Apóio todos que baixam suas músicas em casa, sou desses. Pagando ou não, estou sempre consumindo música, de todas as formas. Nunca deixei de comprar cd's e dvd's das bandas que eu gosto. Continuo baixando coisas novas, de graça, se eu gosto eu acabo comprando ou indo atrás de outros produtos.
REGINALDO - O primeiro que conheci foi o Douglas, nos conhecemos tocando com nossas bandas, por amigos em comum e ele acabou gravando comigo a demo da minha primeira banda. Foi assim com todos, como com David e Lazza, onde cada um de nós tinha um banda diferente, de estilos muito diferentes, mas que frequentavam os mesmos lugares, os mesmos shows e tocavam juntos. Em Cuiabá é assim, os públicos se misturam muito e está tudo bem.
O Hélio e eu nos conhecemos e começamos a nos aproximar em 2003 quando gravamos o segundo disco caseiro do Vanguart na minha casa. Quando fomos fazer shows, começamos a chamar os melhores amigos, os que podiam tocar melhor, os que curtiam as ideias dessas primeiras músicas. Nunca mudamos de formação, mas mudamos os instrumentos. Douglas já tocou guitarra e teclado, Lazza tocou o baixo, eu já fui o baterista... Até que, com as idas e vindas da vida, a gente acabou nessa formação, mais por "timing" do que por escolha. A Fernanda surgiu há uns dois anos na nossa vida e já "entrou solando", literalmente e na gíria, pra ficar de vez.
REGINALDO - Intuitivamente, sempre ouvi e gostei muito disso, desde Beatles, Dylan e Neil Young até Secos e Molhados, Raul Seixas e a própria música caipira do Brasil. Ouço muito o Bella Fleck também...Tudo isso é Folk! Quando o Hélio trouxe as primeiras ideias eu confesso que não gostei muito, pois era tudo muito simples de tocar, muito direto, dó, sol e fá maior… Ao mesmo tempo em que eu sempre ficava tocado com as canções, pela força que aquilo adquiria com a mais profunda simplicidade. O público sempre nos recebeu muito bem, o folk faz parte da cultura do brasileiro, tanto para os que ouvem música estrangeira como para os que gostam de música de raiz e do rock dos anos 60 e 70 no Brasil.
CDOROCK - No início da banda, muitas das composições eram em inglês. O que mudou para investirem mais no português?
REGINALDO - A nossa vontade de sermos compreendidos, de ter a resposta imediata no palco, de perceber o que faz sentido e como as pessoas absorvem o que escrevemos. Eu e o Hélio ainda compomos em inglês, mas é simplesmente uma questão de força. Quando cantamos em português abrimos o coração para as pessoas, tomamos fôlego pra nos entregar pro mundo.
REGINALDO - Já fiz parte de alguns projetos tocando nos shows ou gravando junto com alguns amigos e participei de algumas gravações, mas nada muito sério. Gostaria de fazer isso mais vezes! Sempre aprendo muito. Recentemente, gravei no Estúdio Inca (estúdio onde o Vanguart gravou os dois álbuns) a primeira música do que será o meu disco solo. Sem pressa, será um processo longo, mas muito bem pensado e executado; essas músicas significam muito pra mim e se eu precisar de tempo para registrá-las da melhor forma possível, assim será.
CDOROCK - Então alguma esperança de ter mais você nos vocais?
REGINALDO - A ideia é essa. Ao mesmo tempo que o principal é o que a música precisa, o que ela pede. Isso sempre falou mais alto no Vanguart e continuamos assim.
REGINALDO - Minhas músicas pra esse disco têm algo de simples e direto que difere um pouco do Vanguart, mas nem tanto. Afinal de contas ainda sou eu tendo ideias e as colocando em prática do meu melhor jeito. Por não ter a ajuda de ninguém, preciso resolver tudo sozinho também e creio que isso é o que vai fazer a diferença. Alguma coisa com sonoridade mais pesada e densa, letras que falam de nostalgia, de paciência pra sentir e pensar… Ainda está sendo tudo criado então não tenho como dar muitas direções. Estou fazendo tudo com muita calma e já perdi a pressa que tinha, agora só quero fazer um bom trabalho.
CDOROCK - A Vanguart estará no próximo Lollapallooza. Preparados?
REGINALDO - Por enquanto mais felizes e entusiasmados do que preparados! Tem bastante coisa pela frente até lá e estamos focados pra fazer o melhor possível, sempre!
CDOROCK - E como foi abrir para o Snow Patrol este ano?
REGINALDO - Incrível, conheço e admiro bastante. Tentamos levar um show o mais completo possível, no que diz respeito a estrutura do show, tanto para o Rio como para São Paulo. Apesar de terem sido curtos, acho que conseguimos causar o impacto de não ser apenas a banda de abertura, mas sim uma atração a mais. Eles todos foram muito atenciosos também, ouviram nosso disco, assistiram aos shows… Realmente foi um encontro muito especial e importante!
CDOROCK - Você também se submeteu a uma experiência em reality show. Passado o tempo, como avalia essa experiência? Ela trouxe algum tipo de consequência para a banda?
REGINALDO - Não tenho muito o que dizer sobre a experiência. Quando penso no que não fazer com a minha vida, sempre lembro disso! Mesmo assim, me ajudou muito a pagar algumas várias dívidas e começar a reconstruir minha vida que estava bem complicada na época. Para a banda foi bom também, não atrapalhou em nada, muitas pessoas nos conheceram no programa e nos acompanham até hoje, então eu fico feliz por isso!
REGINALDO - Já! Fico feliz e agradecido pelo elogio mas eu não acredito não. Apesar de minha mãe dizer o mesmo [Risos].
CDOROCK - Já passou por alguma situação engraçada de assédio por parte das meninas ou, quem sabe, dos rapazes?
REGINALDO - Às vezes rolam uns exageros, mas nada demais. No máximo uma cantada mais efusiva e direta, mas eu fico tranquilo nessas horas ou acabo caindo na risada e fica tudo bem.
Fotos: acervo pessoal e divulgação. |