quinta-feira, 10 de maio de 2012

TOM GABEL


Explodiu agora na rede a notícia da readequação de gênero de Tom Gabel, vocal e guitarrista da banda punk Against Me!



Tom, que passará a se chamar Laura, não é o primeiro transgênero da cena musical ou mesmo do rock and roll, mas talvez seja o primeiro com considerável visibilidade comercial. Ele assumiu este mês à famosa Rolling Stone norte-americana sua condição transexual e suas expectativas a partir de agora, e da tranquilidade na relação com sua família e sua mulher.



Nascido na Flórida em 1980, Tom começou a tocar aos 17 anos, mesma época em que lançou sua primeira demo, já intitulada de Against Me! E é dos poucos que não engole a vontade dos fãs de ouvir as canções desse tempo. Tom relembra que quase ninguém assistia a seus shows, o que significa que ninguém gostava dessas músicas, mesmo que digam o contrário.

O primeiro álbum, entretanto, Reinventing Axl Rose (ótimo nome, por sinal), de 2002, começou a mudar essa cena, e fez da banda mais conhecida entre os punk rockers, principalmente pela faixa Baby, I'm an anarchist. O buchicho pela cena independente rendeu até um incrível (nem tanto) protesto quando a Against Me! lançou seu primeiro álbum por uma grande gravadora, As the eternal cowboy (2003), com direito a pichações e show de banda com o nome de Against Us! Desde então a Against Me! aparece relativamente bem posicionada nessas listas todas dessas revistas que tem por aí, e o álbum New Wave, outro que rendeu críticas de antigos fãs, apareceu como o melhor de 2007 em uma delas.



É do álbum New Wave, a propósito, a canção The Ocean, que agora tem sido levada mais a sério, devido ao trecho “E se eu tivesse escolha, teria nascido uma mulher; minha mãe me disse uma vez que teria me chamado Laura, e cresceria pra ser forte e bonita como ela”. Versos que obviamente revelam o que já se passava com Tom Gabel em seu íntimo. Instigante é o verso seguinte: “Um dia, eu encontraria um homem honesto pra ser meu marido”.


A bomba de sua “mudança de sexo” ainda não expôs todo o estrago que causará para a banda, para Tom, para o punk, ou para nós, do lado de cá, distantes de tudo. É recente e as consequências talvez demorem. É certo que haverá manifestações de ódio por parte de alguns fãs, muitas delas disfarçadas de preocupações com o futuro da banda, é esperado que fomente discussões, outras tantas mais, acerca do tema da transexualidade e até mesmo das sutilezas que a envolvem, como os mitos sobre a orientação sexual dos transgêneros. Poderá colocar em xeque, nem que seja apenas para Tom (ou Laura) nos bastidores, a tolerância do punk, do rock, e dos amigos. Torçamos pra que tudo fique bem, e não nos decepcionemos ainda mais com o mundo.


Todavia, porém, não chega a ser antiético que nos lamentemos um pouquinho só o ocorrido. Não a ponto de promover uma petição on line, como já acontece, é só uma dorzinha de cotovelo assim... “do bem”. Porque Tom Gabel dava um caldo, dava, não? Matemos a saudade, e suspiremos, que Laura já já vem.


Some rights reserved