É um tipo que, olhando bem, dá prum gasto. A primeira impressão, primeiríssima, lá atrás, nos primórdios de sua carreira, é de um moço um tanto franzino, meio sem graça, quase nerd, quase efeminado, uma voz nada sensual, e um corpo que, diriam os otimistas e os éticos, “foge aos estereótipos”, aos “padrões”, quiçá vulgares, de beleza. Ou seja: gordo ou magro. No caso, bem magro. Um punhado de fatores que só olhando muito bem seriam contraditos por uma segunda ou terceira impressão. Mas será que haveria esse tempo? Porque a música... Bem, a música era chatinha.
É um som que a gente sabe que não tem defeitos. Tecnicamente é bom, bem tocado, letra bem composta, e sem pretensões de star. Não parece ter planos de cair no abismo boçal do rótulo, diriam os de bom gosto, os antenados, inteligentes e menos fúteis, “popular”. Não, “Maroon 5” não parecia uma banda popular. Parecia uma coisinha fofa, de nerd/indie ou de gente que não busca nada, apenas ouve o que acontece, a ficar guardada numa gaveta junto de outras bandas calminhas, inofensivas, frígidas. Primeiras impressões...
Mas a convivência gera uma disponibilidade. E eles insistem. Pretendiam-se hardcore, acreditavam-se com uma veia rock’n’roll e demoraram longos 17 meses para que o primeiro som, Harder to Breathe, tivesse algum destaque. Era um rockinho, prometendo acelerar, não cumprindo, e acenando para um peso. Depois veio This Love. Aí já era, popzinho romântico, trilha de novela. E são o que são hoje. Mas eles insistem. Rockinhos e popzinhos diversos, parcerias variadas e bem sacadas, como com Rihanna, e o Maroon 5 se tornou uma bandinha persistente. Na rádio, na TV. Na cena.
A convivência faz acreditar que o rock/pop quase inofensivo da banda pode ser divertido, e pode ser bom. Realmente é. Não salva o mundo, mas o tempo vai passando, e a gente vai acreditando. Adam Levine, o vocal, também ganha muito com a convivência. Já não era feio, mas com o tempo ficou bem bonito. A barba ajuda, e a cara antipática também. Não lembro de um sorriso dele em clipes, mas sorrisos às vezes atrapalham. Tatuagens também ajudam muito. E com o tempo ele tem feito. Nem gay mais ele parece ser. Nada como insistir, e nos forçar a conviver.