sexta-feira, 2 de abril de 2010

MIKE NESS

Mais alguém acha o punk não tão punk assim? Pois quando eu era pequeno achava que o punk era a coisa mais violenta, nojenta e pesada do mundo, até que cresci e vi que, pode ser nojento, vez em quando até violento, mas dificilmente é pesado. Talvez por isso tenha originado outros estilos, como o hardcore. Não digo que o punk não tenha o valor que dizem, tem sim, por várias razões, eu apenas achava que era mais agressivo sonoramente.

Toda vez que conheço uma banda punk, das clássicas, lembro dessa minha impressão. Foi assim com Social Distortion, uma das responsáveis pela explosão punk nos anos 80, e um dos principais nomes do punk americano. Cheia de “hiatos”, por conta de problemas vários, como o esperado vício em drogas dos integrantes, o SxDx resiste até hoje, com Mike Ness, vocalista, guitarrista e principal letrista, como o único remanescente da formação original. Tem seis álbuns de estúdio; o primeiro, Mommy’s Little Monster, é de 83, e o mais recente, Sex, Love and Rock’n’Roll, de 2004. Promete um novo álbum para estes 2010, ano em que vem ao Brasil pela primeira vez. Aliás, é daqui a pouquinho, com o primeiro show marcado para 15/04 em Porto Alegre. Chega a São Paulo dois dias depois, 17/04.

O som da banda mudou um pouquinho desde o surgimento, o que considero até positivo, e bem charmoso. Dá pra ver que não foi nenhum leilão de almas, apenas uma transformação interna. Do punk simples, passaram pela obviedade do hardcore, até o rockabilly e um tal de cowpunk, inspirado em caras como Johnny Cash. Dá pra sacar em muitos momentos a admiração de Mike, principalmente de Mike, pelo universo dos cowboys americanos. E não sei por que considero esse tipo de mudança, a despeito da qualidade do som, um sinal de maturidade. É como se o punk fosse essencialmente adolescente, nos defeitos inclusive, enquanto outros tipos de músicas, intimistas, interioranas, ou nem tanto tudo isso, fossem a (busca pela) maturidade.

Maturidade que parece lhe cair muito bem. E ser tudo o que resta, pois não é que não achei de jeito maneira muitas imagens suas de quando jovem? A maior parte, conseguidas principalmente no site e no myspace da banda, são recentes, ou próximo disso. Mas dá pra sacar que ele sempre teve talento pra galã. Na falta de fotos, podemos ter uma idéia nos clipes. Embora a Sony faça o favor de não habilitar o compartilhamento dos vídeos para as redes sociais, tão importantes hoje para a cultura, sou gentil o bastante para linká-los. Confiram Ball and Chain, de 90, Bad Luck, de 92, e I Was Wrong, de 96. Mike também lançou dois discos em carreira solo, ambos em 99: Cheating at Solitaire, e Under the Influences. Os dois com forte inspiração country, sendo o segundo apenas de covers. Curti bastante e indico No Man’s Friend, do primeiro.
No man's friend by cdorock.
Mike Ness, beirando os 50, chega logo mais no Brasil, para conferir esses fãs cuja existência para ele é uma surpresa. Mais tatuado e estiloso do que nunca, um caralho do rock bem bom. Dia 17 de abril, no Via Funchal. Bora colar lá?

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