Vicente Júnior é baixista da banda Optical Faze, uma bela descoberta que fiz fuçando perfis no orkut. É de Brasília, existe desde os idos 2000 e já tem algumas coisinhas lançadas, destaque pra demo The Saturation Chamber (2000), pro cd Optical Faze (2002) e pro mais recente ep Riots In The Iris Sea (2007). A banda propõe “fazer um som pesado tentando se desvencilhar dos clichês e da mesmice do metal atual”, bastante influenciado pelo thrash metal e, não sei, talvez alguma coisa de industrial.
São independentes, claro, e surpreendem pela boa produção das músicas, coisa rara nesse meio. Logo na primeira audição parecem “profissionais”, bem competentes e consistentes no som. O site, ainda em construção, também chama a atenção pelo logo bonito e já vi que a banda conseguiu boa repercussão em algumas revistas roqueiras. É, os moços sabem se promover. Eu até poderia me queixar um pouquinho do fato de as letras serem apenas em inglês, valor comercial-artístico-ideológico que questiono, mas simpatizei tanto com a banda que vou deixar essa discussão prum outro post.
E tem o Vicente, outra boa surpresa. Não bastasse ser um ótimo baixista, simpático e bonito, ele ainda é super assumido e liberto de encanações. Não posso talvez deixar de escapar do clichê de observar que estereótipos realmente são uma chatice, uma bobagem, porque Vicente prum desavisado seria uma presença insólita na banda. Gay, de aparência viril, integrante de um grupo de metal majoritariamente hétero e sem qualquer ativismo de cunho sexual. Sim, meus caros, a obviedade não existe e alguns conceitos são mera ilusão.
Ilusão também é achar que o rock no Brasil é mau das pernas. Chega a ser fácil achar bandas bacanas de todos os estilos. Admito que a “mídia” não é lá grande parceira de divulgação dessas novidades, mas é só uma fuçadinha aqui, outra ali, e tá tudo certo. E hoje em dia com Internet então... Mas conversando com o Vicente, ainda dá pra perceber um certo ressentimento com eventuais dificuldades de não se pertencer ao famigerado eixo Rio-SP. Sei que é foda, que o país parece não ser exatamente grande, mas limitado a uma ou outra capital, mas confiemos na Internet, nessa revolução da divulgação de música que presenciamos (e protagonizamos) e “vivamos sem fronteira”, como diz aquela propaganda infame.