Ele faz parte da banda que deu um novo ar para o rock no novo milênio, The Strokes. Bem em 2001, Is This It?, o primeiro álbum, foi lançado e o barulho estava feito. Fazia tempo que uma banda não causava tanto alvoroço, e esses americanos ganharam todos os títulos e méritos, foram os salvadores do rock, os homens do momento e blábláblá. Impulsionaram o surgimento de todo um movimento de novas bandas e palavrinhas como “indie”, “alternativo”, “garagem” e, principalmente, “hype” contaminaram todos os jornais. The Strokes era o ápice da modernidade, aquilo por que todos esperavam. Até que veio o segundo álbum, o terceiro... e a grande novidade, assim como um orgasmo, passou. Prometem voltar este ano.
O auê que os Strokes causaram foi bem válido, firmou um “novo” tipo de rock que é bem respeitado até hoje. Bandas que vêm e vão, como Arctic Monkeys, vieram dessa leva, foram influenciadas por eles e são quem orienta os rumos roqueiros, principalmente na Europa. Mas o curioso é justamente todo o lado fashion que essas bandas fomentam. Elas têm um lado rocker bem forte, mas também têm uma pegada pop e algumas até, como Franz Ferdinand, exploram bem mais descaradamente isso e fazem surgir comentários como “E o punk caiu na balada”. A moda e a balada abraçaram essas bandas, tornaram-nas “descoladas” e, conseqüentemente, fúteis. Porque, afinal, qual seria o significado disso? O que é o punk? E o que é a balada? Talvez o primeiro fosse não apenas um estilo musical, mas uma filosofia, com uma proposta social e política clara, marcante, e a segunda apenas um ambiente de diversão, de frivolidade, porque numa pista de dança o que mais acontece além do “dançar e esquecer da vida, não pensar em nada”? Há política na balada? Hedonismo, niilismo, seriam palavras que fizessem o punk e a balada se encontrarem? Com o mesmo ponto de vista? Ou esse encontro seria apenas um reflexo, ou mais, uma apologia à alienação, à burrice? Seria o inverso? A balada teria se tornado politicamente agressiva, militante, “consciente”? Isto, acho difícil.
Independente das respostas, é um estilo com bem mais qualidade do que o se costuma se ouvir em pistas de dança. Afinal, Strokes, White Stripes, esses Monkeys aí, são melhores ou piores que Paris Hilton, J-LO, 50cent ou que todo o “bate-cabelo” das eternamente chatas e previsíveis boates gays? Pra mim nem há comparação, apesar de o público de uma casa noturna ter sempre a proeza de fazer de tudo um pouco mais imbecil e descartável.
E o Fabrizio, baterista, é brasileiro, carioca. Fala um português bem bonitinho, embora prefira sempre responder às entrevistas em inglês, mesmo que as perguntas sejam feitas em português. Quando visitou o Brasil, foi a estrela, claro. Era o pedacinho nosso dentro da maior banda de rock dos últimos tempos da última semana. Também ajudou a ofuscar, não só ele, mas todo mundo do balaio, a imagem dos bombadinhos, depiladinhos. Belos, agora, eram os moços magrelos, sujinhos, com cabelos por lavar e barbas por fazer. Bem hype.